Empresas de tecnologia emergem na sombra da Nvidia com soluções inovadoras para data centers e semicondutores
Empresas pouco conhecidas ganham destaque com a revolução dos chips de IA
Enquanto a Nvidia atinge uma avaliação de quase US$ 4 trilhões com seus chips de inteligência artificial, um grupo de empresas menos conhecidas, mas fundamentais para a produção desses semicondutores, começa a chamar a atenção dos investidores. Companhias como Applied Materials e Lam Research, fornecedoras de equipamentos para a fabricação de chips, estão bem posicionadas em um mercado que cresce rapidamente impulsionado pelo avanço da IA.
Segundo estimativas recentes da associação do setor SEMI, os investimentos em equipamentos para produzir chips avançados — como os usados pela própria Nvidia — devem praticamente dobrar até 2028. Esse cenário favorável abre espaço para que essas fornecedoras ganhem relevância e valorização no mercado.
Nvidia aposta em startup que revoluciona consumo de energia em data centers
Além de liderar a inovação em chips, a Nvidia está apoiando iniciativas que prometem transformar a infraestrutura energética dos data centers. A empresa investiu recentemente na Emerald AI, uma startup que surge com a proposta de transformar esses centros de processamento em ativos dinâmicos da rede elétrica, em vez de simples consumidores intensivos de energia.
A rodada de financiamento inicial da Emerald AI levantou US$ 24,5 milhões, liderada pela Radical Ventures e com participação da própria Nvidia, da AMPLO e de investidores renomados como John Kerry, John Doerr, Jeff Dean (Google) e Fei-Fei Li, cientista de referência em inteligência artificial. À frente da empresa está o físico Varun Sivaram, que já atuou na Ørsted e foi assessor sênior de políticas climáticas de John Kerry.
Solução reduz consumo em momentos de pico e ajuda a rede elétrica
A tecnologia da Emerald AI atua transferindo cargas computacionais de IA conforme a necessidade de cada região, aliviando a pressão sobre a infraestrutura elétrica durante picos de demanda. Essa flexibilidade também reduz a necessidade de construir novas usinas ou linhas de transmissão.
Um teste realizado em Phoenix, com a participação da Oracle, Nvidia, do Instituto de Pesquisa de Energia Elétrica e da empresa local Salt River Project, demonstrou que o sistema foi capaz de reduzir o consumo de energia dos data centers em 25% durante um período de três horas, sem comprometer a performance da IA.
Potencial para redefinir o papel dos data centers
Segundo Sivaram, a meta é transformar os data centers em “usinas de energia virtuais”, atuando como elementos que absorvem variações no fornecimento, o que facilitaria a integração de fontes renováveis. “Imagine um futuro em que os data centers se tornem parte essencial da solução energética, ajudando a reduzir tarifas em vez de aumentá-las”, destacou.
A flexibilidade oferecida pela tecnologia também pode ajudar grandes empresas — os chamados hyperscalers — a evitar longas esperas por conexão à rede elétrica, que hoje podem levar até dez anos.
Integração com chips Nvidia permite adaptação em tempo real
A solução da Emerald AI integra-se aos chips da Nvidia e aos sistemas de controle dos data centers, permitindo redirecionar tarefas de IA ou pausar temporariamente certos processos, como o treinamento de modelos acadêmicos de grande porte. Isso torna possível aliviar redes locais sobrecarregadas sem impacto significativo na operação.
Especialistas como Tyler Norris, da Universidade Duke, que recentemente publicou um estudo sobre o tema, apontam que essa “margem de manobra energética” poderá ser decisiva para limitar a construção de novas termelétricas a gás.
Próximos passos da Emerald AI
Nos próximos seis meses, a startup planeja novos testes em outras regiões dos Estados Unidos, ampliando a escala do experimento iniciado em Phoenix. A meta da empresa é iniciar sua operação comercial já no início de 2026, consolidando uma abordagem inovadora que une inteligência artificial e eficiência energética de maneira inédita.