A Apple e a Fórmula 1 anunciaram nesta sexta-feira um contrato de direitos de mídia de cinco anos que levará todas as corridas da F1 para a Apple TV nos Estados Unidos a partir de 2026. O acordo surge em um momento de expansão sem precedentes para o esporte, impulsionado por uma nova e diversificada base de fãs, majoritariamente feminina.

Detalhes do Acordo de Transmissão

A partir da temporada de 2026, a Apple TV+ fornecerá cobertura completa de todos os eventos da Fórmula 1, incluindo treinos livres, sessões de qualificação e corridas Sprint. O conteúdo será parte da assinatura existente do serviço de streaming, que custa $12,99 por mês e não possui anúncios. Em um comunicado conjunto, as empresas afirmaram que certas corridas e todas as sessões de treinos também estarão disponíveis gratuitamente no aplicativo da Apple TV ao longo da temporada.

A estrutura do acordo é diferente da parceria da Apple com a Major League Soccer (MLS), onde os jogos são exclusivos, mas exigem um custo adicional através do MLS Season Pass. Para garantir os direitos da F1, a Apple está investindo cerca de $140 milhões por ano, segundo fontes familiarizadas com o assunto. A Disney, através da ESPN, era a parceira de mídia atual da categoria, pagando uma média de $85 milhões por ano.

Representantes da ESPN declararam em nota: “Estamos incrivelmente orgulhosos do que nós e a Fórmula 1 conquistamos juntos nos Estados Unidos e esperamos um final forte nesta última temporada. Desejamos o melhor para a F1 no futuro.”

O Futuro da Experiência do Fã

Com a mudança, o F1 TV Premium, serviço de streaming próprio da categoria e muito popular entre os fãs, continuará disponível nos EUA, mas agora exigirá uma assinatura da Apple TV. Uma vez que o cliente assine a plataforma da Apple, o F1 TV Premium será incluído no pacote, em vez de ser uma oferta separada. A narração das transmissões será fornecida pelas equipes da F1 TV e da Sky.

Eddy Cue, vice-presidente sênior de serviços da Apple, afirmou que a empresa está entrando nos esportes ao vivo apenas em situações onde pode adquirir direitos que lhe permitam controlar totalmente a experiência do usuário. “Não precisamos fazer esportes da mesma forma que eles são feitos hoje”, disse Cue. “Nossa visão é que, se pudermos fazer algo único, então faremos.” A empresa planeja anunciar mais detalhes de produção e melhorias para os fãs nos próximos meses.

Stefano Domenicali, presidente e CEO da Fórmula 1, acrescentou: “Esta é uma parceria incrivelmente empolgante para a Apple e para toda a Fórmula 1, que garantirá que possamos continuar a maximizar nosso potencial de crescimento nos EUA.”

Uma Nova Geração de Fãs Domina as Arquibancadas

O crescimento que Domenicali menciona é alimentado por uma mudança demográfica notável. Uma pesquisa global de fãs da F1, divulgada em julho, revelou que as mulheres agora representam três em cada quatro novos fãs do esporte. Essa transformação está abrindo um vasto mercado para marcas que buscam se conectar com esse público engajado.

Liana Steir, uma fã da F1 que está visitando todos os 24 circuitos da temporada, explica que a atração vai além das corridas. “Comecei seguindo um piloto favorito, depois passei a acompanhar mais pilotos, equipes e, eventualmente, o esporte em si. Agora estou emocionalmente investida nas rivalidades, na estratégia e no crescente impacto cultural. E minha carteira acompanha isso.”

Marcas e Marketing Miram o Público Feminino

As marcas já estão capitalizando essa tendência. A empresa de cosméticos Elemis agora patrocina a equipe Aston Martin F1, enquanto a Pepe Jeans, patrocinadora de longa data da Red Bull Racing, é conhecida por suas coleções de moda feminina. Além disso, a F1 Academy, uma categoria de corrida exclusivamente feminina, atraiu patrocínios de marcas como Charlotte Tilbury, Wella e Tommy Hilfiger.

“As marcas estariam erradas em ignorar essa poderosa base de fãs global”, afirma Alexandra Zigrang, fundadora de uma agência de viagens focada em organizar viagens para corridas de F1 exclusivamente para mulheres.

Para engajar ainda mais esse público, a Fórmula 1 lançou recentemente a série de entrevistas “Passenger Princess”, na qual pilotos ensinam a comediante inglesa Amelia Dimoldenberg a dirigir. “Esta série original é outra forma de a F1 atrair um novo público para o emocionante mundo das corridas”, disse Ian Holmes, diretor de direitos de mídia e transmissão da Fórmula 1. A estratégia reflete uma evolução da marca, focada em contar as histórias humanas do esporte para criar uma conexão mais profunda com os espectadores.