Nos últimos meses, a comunidade científica se debruçou sobre a possibilidade de a espécie extinta Perucetus ser a maior baleia e o animal mais pesado que já existiu. No entanto, um novo estudo revisou essa hipótese e trouxe à tona dados que recolocam a baleia-azul no topo desse ranking, consolidando-a como o ser mais pesado do planeta.
A descoberta do Perucetus e o debate sobre seu tamanho
A primeira pista sobre o Perucetus foi encontrada em 2010, quando o paleontólogo Mario Urbina, do Museu de História Natural da Universidade Nacional de San Marcos, no Peru, localizou um osso incomum no deserto ao sul do país. Em seguida, ele e sua equipe escavaram 13 vértebras, quatro costelas e parte da pélvis de um animal pré-histórico, com uma ossada especialmente densa e pesada. O esqueleto, com semelhanças ao de baleias, também lembrava o peixe-boi devido à densidade dos ossos, uma adaptação comum em animais aquáticos que precisam permanecer submersos.
A reconstituição do Perucetus revelou um animal com uma cabeça pequena, tronco robusto, nadadeiras e membros traseiros, características que chamaram a atenção dos cientistas pela singularidade.
Revisão do peso do Perucetus
Em agosto de 2023, após a descoberta, acreditava-se que o Perucetus poderia ter sido o animal mais pesado já identificado, superando inclusive a baleia-azul. Mas na semana passada, os paleontólogos Nicholas Pyenson, do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, e Ryosuke Motani, da Universidade da Califórnia, trouxeram uma nova perspectiva. Eles analisaram os dados e concluíram que a comparação entre Perucetus e peixes-bois não seria apropriada, pois apenas esses mamíferos evoluíram para tamanhos tão grandes.
Com base em modelos 3D atualizados e utilizando parâmetros da baleia-azul, os pesquisadores recalcularam o peso estimado do Perucetus, chegando a valores entre 60 e 70 toneladas — próximo ao peso de um cachalote moderno, bem abaixo do que se acreditava inicialmente.
Peso da baleia-azul é ainda maior do que o estimado
O mesmo grupo também voltou a analisar o peso da baleia-azul. Por nunca ter sido possível pesar um exemplar adulto vivo, os cientistas recorreram a registros de navios baleeiros japoneses da década de 1940. Com os novos cálculos, foi possível estimar que a baleia-azul pode alcançar até 270 toneladas, valor muito acima das estimativas anteriores, que giravam em torno de 150 toneladas.
Controvérsias e continuidade dos estudos
Apesar das novas análises, o tema ainda provoca debates entre especialistas. Eli Amson, pesquisador do Museu Estadual de História Natural em Stuttgart e autor do estudo inicial sobre o Perucetus, discorda dos novos métodos e afirma que a espécie extinta possuía biologia diferente das baleias atuais. Ele destaca que novas modelagens 3D estão sendo desenvolvidas para compreender melhor o verdadeiro tamanho desse animal pré-histórico.
Mesmo que a revisão mais recente esteja correta e o Perucetus seja menor do que o previsto, a espécie continua sendo impressionante em relação ao porte das baleias de seu período, demonstrando que a evolução dos cetáceos rumo a grandes dimensões é relativamente recente na história do planeta.